sexta-feira, 19 de junho de 2009

Queixa Ouriçada

- Daniel, sua criatura mefistotélica, consideras correcto deixares a tua loura de cigarro pendente, plantada nesta mesa de café, numa espera tão pendente como o cigarro que tenho entre os lábios?

És um velhaco semelhante aos vilões de um qualquer conto perdido de aldeia longínqua! Só por tua causa, meu delicioso facínora, bebi já duas Vodkas tónicas e três Drambuies. Seu neo - D. Sebastião entediante! Acresce, só para me ouriçar, o facto de não estar nevoeiro, prenúncio eminente de que também hoje não aparecerás, claro!

Não fosses tu tão misteriosa criaturinha, de conversa erudita e piropos agri-doces, já me teria ido embora há muito, cansada de esperar. Pensei que aparecerias após o meu regresso das Arábias, contudo teimas em esconder-te entre todas as tuas ocupações, qual animal esquivo e fugidio.

Pois digo-te, ser hediontamente amoroso, que se não apareces bem depressinha, desembainho o meu Moleskine das profundezas das bainhas do meu saco e conto-lhe tudo o que tinha para te contar! E depois não te darei o direito a sentir ciúme, meu pequeno boémio desaparecido...